Levantei a cabeça e reparei que existe um lugar vazio na minha mesa, mais a frente de costas ligeiramente curvadas situa-se o senhor das crenças e sorrisos escondidos no escuro da sua cara. Ao seu lado um grande livro varias vezes folheado atrás e a frente como se tenta-se entender o futuro natural do seu interior.
Mais a frente prestes a evacuar está enfurecidamente uma rapariga que arruma as suas coisas de leve como se precisa-se de um abraço apertado onde eventualmente traria uma enxurrada de lágrimas pois consegue sentir frio mesmo num dia em que o sol irradia felicidade e faz os pombos por entre a janela se refrescarem no repuxo com o seu toque de verdete limpo. as crianças correm e saltam de muro em muro enquanto os adultos estranhos fingem sentimentos ao telemóvel em longas conversas de curtas palavras, a mãe que leva a menina ainda com a bata da cresce a molhar levemente os pequenos e perfeitos dedos da inocência, refrescando-se de alegria e tranquilidade de quem se sente grande e protegido pelo carinho de um sorriso.
Os bancos das costas frias parecem imóveis de conversas, apenas as escutam quando se faz a pausa para falar com o fumo e devagar com a nicotina. Baixo agora a cabeça e por entre o cabelo reparo que estou rodeado de folhas, não me eram estranhas, apenas continham um pouco mais do que divagação a preto e branco sobre o dia...
O reflexo do sol faz-me ver que sobre as telhas havia algo mais para alem da copula da igreja, do globo em ferro, estava também a passear vaidosamente um gato branco farruscado do negro da solidão e espreitava o Homem de bigode que ponderava em dar a mão a sua criança que caiu talvez por não saber há muito o que vai para alem da visão, faltando-lhe a sensibilidade do toque de frescura numa relva verde amarelada pela velhice do tempo, sim este continua a passar e não tarda tenho que ir jantar pois já escurece e ai me sinto livre para pensar...
domingo, fevereiro 24, 2008
só sei escrever riscos...
Não demorei mais que a música!
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1 comentário:
Apesar de teres caracterizado personagens diferentes no teu texto, vejo-as um pouco como sendo apenas uma. Uma pessoa que alberga crenças e sorrisos no exterior, mesmo quando o interior se pinta de negro. Uma rapariga que passa despercebida no quotidiano dos dias, vivendo-os na indiferença quando as suas necessidades acabariam com um abraço sincero e apertado que lhe libertasse as lágrimas. As crianças que vivem na inocência das horas, aconchegadas pelos braços da inocência e da alegria estampada no rosto. Os adultos que se perdem em conversas sem significado e em fingimentos desnecessários. Todos temos um bocadinho de cada um deles no nosso ser. Uns dias, uma personagem mostra-se mais. Noutros, um bocadinho de cada uma. O dificil, como em tudo, é estabelecer o equilibrio...Digo eu:)
Isto tudo para te dizer que gostei imenso. Mas gostei mesmo de uma forma que não sei explicar. Está fantástico.
Um beijinho grande*
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