Era pequeno e guardara as coisas numa pequena gaveta como se de um tesouro se trata-se, aos olhos alheios aquilo era apenas um monte de lixo que servia apenas e só para ocupar mais um rectângulo, que é como quem diz, menos um espaço para as coisas interessantes. Há minha visão ali estava a caneta que nunca escreveu sempre acompanhada por aquele que era o melhor de todos porta-chaves que embora separado da sua família que vivia Springfield sorria sobre o skate, mesmo ali ao lado por entre papéis e cartas riscadas mantinha-se escondida a tal colecção de moedas pretas no velho saco de couro.
As rodas com letras e números que em tempos me ajudavam a estudar já não estavam por ordem e tudo misturado quase se confundia com uma sopa de letras no qual não se formavam palavras mas sim confusões linguísticas, (Uauuuhh!!) o carro e a pistola sem som ainda funcionavam apesar das suas pilhas estarem fracas, que maravilhoso pensei eu para mim mesmo no meu canto de antigamente. Todas aquelas coisas ainda ali estavam, apesar de os anos passarem tudo se manteve, menos uma coisa, a razão daquele canto especial existir.
Por entre toda aquela magia e curiosidade vasculhei o "baú" a procura da antiga colecção de berlindes que por burrice ganhara em outros tempos, e eis que ali estavam, ainda na caixa de fósforos de cera reforçada por fita-cola e devidamente assinada. O velho aluquete do lendário armário da bola do básico, o mesmo básico onde tinha usado os copianços que ali ao lado pairavam entre toda aquela minha confusão. As bolas de ping pong e a raquete também por ali ficaram entre muitas outras coisas que aquele tão meu mundo me viu crescer e fazer um bocado do que sou hoje. Talvez fechado como o aluquete, confuso como as rodas de letras mas sorridente como o porta-chaves.

055825122006